terça-feira, 16 de julho de 2013

A OCUPAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE E A INCAPACIDADE POLÍTICA DO SEU PRESIDENTE

Covardia: o "doutor" Thiago e o seu patético "Gabinete da Crise", escondidos na Assembléia Legislativa pouco antes da cacetada da juíza da 1ª Vara da Fazenda de Porto Alegre, que entendeu a manifestação do Bloco de Luta pelo Transporte 100% Público como pacífica e sem danos ao patrimônio público.

     Os fatos envolvendo a ocupação do plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre por integrantes do “Bloco de Luta pelo Transporte 100% Público” remetem a diversas reflexões, notadamente quanto à capacidade de certos representantes políticos municipais para o equacionamento de situações como a ora vivida pelo parlamento da capital gaúcha.

     A coisa começou na quarta-feira, dia 10/07 quando, ao final da sessão plenária, integrantes do movimento mencionado ocuparam o plenário da Câmara pleiteando a implantação do passe livre para estudantes, idosos e desempregados, bem como a transparência dos procedimentos que levam à fixação das tarifas do transporte coletivo em Porto Alegre.

     A partir deste fato, diversas rodadas de negociação passaram a ser desenvolvidas pela presidência da Câmara e representantes de algumas bancadas de partidos com representação no Legislativo da Capital.

     Na madrugada de sábado (13/07), encaminhava-se um acordo: de um lado, os vereadores se comprometiam a apresentar um projeto dispondo sobre a transparência dos procedimentos de fixação das tarifas, bem como encaminhar, ao Poder Executivo, a proposta relativa ao passe livre, uma vez que tal projeto envolve a mobilização de recursos públicos; de outro lado, o presidente da Câmara, ver. Dr. Thiago Duarte, do PDT (ele se autodenomina exatamente assim, apesar de não possuir o título acadêmico referido, tendo apenas graduação como médico), pedia que a desocupação do plenário ocorresse até o meio-dia de domingo (14/07).

     Levada a questão à assembléia dos manifestantes, a primeira parte foi aceita sem reparos; quanto à segunda, pediram que a desocupação ocorresse na manhã de segunda-feira, uma vez que havia seminários agendados para o domingo, visando discutir e elaborar os projetos a serem encaminhados aos vereadores. O presidente da Câmara não aceitou a desocupação na segunda-feira e partiu, ainda no sábado, para a propositura de uma ação de reintegração de posse do plenário Otávio Rocha, ocupado pelos manifestantes.

     Decidindo liminarmente a questão, o juiz plantonista do Foro Central de Porto Alegre deferiu a reintegração, mas determinando o seu cumprimento somente em dias úteis, das 6 às 20h, o que remetia para a manhã de segunda-feira. Na verdade, a decisão do juiz foi salomônica, pois preservava a autoridade do presidente da Câmara, deferindo o pedido, mas também dava tempo para a conciliação dos interesses, uma vez que os manifestantes se comprometiam a desocupar o espaço na manhã do mesmo dia, tudo de forma a evitar um conflito que se prenunciava de grandes proporções.

     A partir daí, um festival de decisões estapafúrdias passou a se descortinar por parte daqueles que – destaque para o presidente da Câmara – tinham nas mãos todos os instrumentos para uma solução pacífica para a contenda, com exceção das bancadas do PT e do PSOL, que buscavam uma solução negociada para o impasse.

     Contrariado por não ter o pedido de desocupação ainda no domingo atendido, o presidente da Câmara, “Dr.” Thiago Duarte, se recusou a receber os projetos dos manifestantes, inaugurando um conflito permeado por uma sucessão de atos patéticos que apenas depuseram contra a capacidade das forças políticas conservadoras que dominam a Câmara para a solução de conflitos como este, nascido das intensas mobilizações da sociedade brasileira ocorridas em junho.

     Os manifestantes, a seu turno, decidiram não desocupar o plenário da Câmara enquanto não tivessem as suas propostas recebidas pelo presidente da mesma.

     O “Doutor” resolveu, então, transferir o ônus da sua incapacidade política e de seus aliados, de resto integrantes da base do prefeito José Fortunati (PDT), para o colo do governador Tarso Genro (PT), alegando que o governador se recusava a permitir que a Brigada Militar do Estado atuasse para expulsar, em cumprimento a uma ordem judicial para a qual não tinha ainda sido notificada, os ocupantes do plenário da Câmara. Chegou a ameaçar – pasmem – em pedir o impeachment do governador por isso.

     Mas isto ainda foi pouco: aconselhado por alguns dos mais ineptos, reacionários e mal-intencionados integrantes dos partidos que o apóiam, o presidente fechou a Câmara e foi esconder-se na Assembléia Legislativa do Estado, presidida pelo deputado Pedro Westphalen (PP), instalando lá um “gabinete de crise”, de onde passou a disseminar idiotices como a de que havia sido impedido pelos manifestantes de entrar na Câmara, e que o governador estava perpetrando um “golpe político” ao não permitir que a Brigada Militar procedesse à retirada dos manifestantes do plenário da Câmara.

     No entanto, uma pedra (uma pedra não, um Everest) apareceu no caminho: decidindo sobre um agravo de instrumento interposto pelo Diretório Central dos Estudantes da PUCRS, a juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto Alegre, em sede de retratação parcial, suspendeu a liminar concedida pelo juiz plantonista no sábado, observando que “considerando o certificado pelos Oficiais de Justiça que compareceram à Câmara de Vereadores e verificaram a presença de mais de 400 pessoas, inclusive, crianças, em uma ocupação pacífica e organizada. [e que] Também, não há indícios de depredação do patrimônio público pelos manifestantes.[e] Dessa sorte, entendo que a medida drástica de retirada forçada desses cidadãos não é o melhor caminho, neste momento”, e marcando uma audiência de conciliação para o dia 17/07, quarta-feira, às 15h.

     Pergunta instantânea: não teria sido mais adequado se o “Doutor” presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre tivesse recebido, na primeira hora da segunda-feira, os projetos elaborados pelos manifestantes no domingo, ao invés de mergulhar a instituição numa sucessão de medidas estúpidas e oportunistas como se refugiar no gabinete do presidente da Assembléia Legislativa e tentar transferir a responsabilidade pela sua incapacidade política para o governador sob a alegação de que este não mandou a polícia reprimir os manifestantes?

     A resposta é sim, até mesmo porque, se houver um rasgo de sensatez a iluminar o presidente da Câmara, é o que ocorrerá na audiência de conciliação da quarta-feira 17/07. Mas, ao contrário, e vislumbrando, de forma oportunista, tirar proveito político do episódio, o “Doutor”, na verdade, atirou no próprio pé, seja pela incapacidade de avaliar adequadamente a questão, seja pela influência recebida de cérebros cuja inteligência somada não superaria a de uma galinha. (Aliás, a legislatura que se inicia já dá sinais de ser a mais medíocre da história recente da Câmara Municipal de Porto Alegre – mas isto já é outra história).

     Por fim, deve ser esclarecido que não se está a defender aqui a ocupação do plenário da Câmara de Porto Alegre mesmo por mensageiros daquelas que podem ser consideradas as mais nobres causas, mas sim, de mostrar como a falta de inteligência e a covardia, diante de um fato concreto, daqueles em cujas mãos está a solução do problema, agravada por um oportunismo político amazônico, podem jogar uma instituição – no caso um Poder Municipal – no ridículo e no descrédito.

sexta-feira, 22 de março de 2013

VEREADORES EVANGÉLICOS DE PORTO ALEGRE APOIAM O DEPUTADO MARCO FELICIANO


É assim que essa turma trata a diversidade...

     Mesmo após o festival das barbaridades que a cada dia são descobertas acerca das suas posições preconceituosas contra negros, homossexuais e mulheres, além da condição de réu perante o Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de estelionato por enganar pessoas que compraram ingresso para um show seu, o pastor da Assembléia de Deus, cantor gospel e deputado Marco Feliciano (PSC), Presidente (ainda) da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados consegue apoios, como ocorreu na quarta-feira (20/03), na Câmara Municipal de Porto Alegre, durante a votação de uma moção de repúdio contra ele proposta pelos vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna (ambos do PSOL).
     Durante o debate sobre a moção, que recebeu apoio até de parlamentares conservadores, os Vereadores Waldir Canal (PRB) e Luiza Neves (PDT) votaram contrariamente à moção. Explica-se: Waldir Canal é representante da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e Luiza Neves pertence à Assembléia de Deus e é casada com um pastor desta igreja.
     Enquanto a vereadora Luiza Neves preferiu dar seu voto contrário à moção em constrangido (mas deliberado) silêncio, Waldir Canal fez mais: foi à tribuna justificar o voto, fazendo um tartamudeado raciocínio: “Não vou votar com [sic] esta Moção de Repúdio porque acaba suscitando o extremismo, uma guerra que não vai levar a lugar nenhum. Quem quer respeito, tem que respeitar. Se por um lado há extremismo na fala do Deputado, que também já reconheceu, já deu suas explicações... Ao que me consta ele se explicou. Ao que me consta também existe extremismo por parte dessas próprias minorias em alguns momentos. Então, venho aqui, com a maior tranqüilidade, encaminhar contrariamente com fundamento nessa posição: sou contrário aos extremismos. Acho que as minorias não podem brigar entre si; as minorias têm de respeitar a luta de cada um, porque as minorias têm sido sufocadas durante séculos. Agora, se agirmos dessa maneira, estaremos reconhecendo uma minoria e desconhecendo uma outra. Então, o meu encaminhamento, o meu voto é contrário a essa posição extremista que pode levar a um acirramento, o que já tem acontecido.
     O discurso do representante da IURD no parlamento da Capital gaúcha, além de rocambolesco foi patético, pois afinal, quem acirrou os ânimos afirmando que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé” (twitter, 31.03.11), que “a prodridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição” (twitter, 31.03.11), que Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos” e, por fim, apresentar um projeto de lei sustando o reconhecimento, pelo STF da união entre pessoas do mesmo sexo, foi o pastor-cantor-deputado Marco Feliciano, e não as milhares de pessoas que são discriminadas, espancadas e assassinadas diariamente no Brasil em razão das suas escolhas pessoais.
     O deputado Marco Feliciano tem o direito de pensar como quiser, desde que disto não decorra a prática ou o incitamento à prática de crime. Mas este não ponto. O que é deplorável, isto sim, é que se trata de alguém que foi colocado nada menos do que na condição de presidente da comissão da Câmara Federal cuja função é exatamente combater o preconceito e todas as formas de discriminação à pessoa humana. E a responsabilidade da escolha é do seu partido político, o Partido Social Cristão (PSC), ao indicar o pastor homofóbico para a função, bem como dos membros da Comissão de Direitos Humanos que o elegeram, demonstrando absoluto desrespeito com a ética que deve presidir a indicação para um cargo de tal natureza.
     É por demais sabido que as seitas evangélicas neopentecostais disseminam preconceitos contra homossexuais, religiões de matriz africana, espíritas e outras formas de pensamento e  comportamento que as primeiras identificam como “inimigas dos valores cristãos” – na verdade na contramão do espírito de tolerância pregado por quem dizem serem porta-vozes na Terra – daí a justificada indignação que cresce a cada dia para com a designação do referido parlamentar para a presidência da comissão, um espaço nobre cuja única função é defender os seres humanos de toda e qualquer forma de discriminação.
    Mas o mais lamentável é que vozes se levantem, no Parlamento da Capital dos Gaúchos, a quem a liberdade sempre foi tão cara, para defender posturas favoráveis ao preconceito, cujos produtos são o ódio e a prática de crimes contra os seres humanos. 

domingo, 28 de outubro de 2012

VIVA A POLÍTICA!, por Marcos Coimbra


Hoje, quando se encerra em todo o Brasil o processo eleitoral de 2012, é dia de celebrar a democracia e o instituto sem o qual ela não existe: a representação popular.

Em um país como o nosso, é sempre necessário lembrar a importância do ritual eleitoral. Ele foi mais a exceção que a regra em quase 125 anos de vida republicana.
Vivemos a maior parte de nossa experiência como nação moderna sem que a grande maioria da população pudesse se expressar e dizer o que desejava.
Até 1930, éramos uma República de participação fortemente limitada, em que as oligarquias mandavam sozinhas e apenas os “bem pensantes” podiam votar. A quase totalidade dos trabalhadores, dos pouco educados e dos jovens não tinha voz.
Nenhuma mulher votava.
Por um breve período, as amarras foram relaxadas, mas voltaram a se fechar em 1937, quando uma ditadura baniu a política representativa. Só voltamos a fazer eleições em 1945.
Ainda que controlada, tivemos a primeira democracia ampla por 20 anos, quando uma nova ditadura foi implantada. Essa não eliminou as eleições, mas colocou o sistema político no cabresto.
O golpe de estado de 1964 aconteceu quando as Forças Armadas entenderam que a democracia era ineficiente e perigosa. Que, em última instância, era impossível confiar no sistema eleitoral e nos partidos políticos.
Os generais não agiram sozinhos. Assumiram o poder em resposta aos “clamores” dos setores da sociedade incomodados com o trabalhismo de João Goulart, especialmente o empresariado tradicional, os grandes proprietários rurais e a parte mais conservadora da classe média.
Até o 1º de abril, a “grande imprensa” fez seu papel. Quem não se lembra das manchetes de um jornal carioca: “Basta!”, “Fora!”. A nascente indústria de comunicação brasileira tinha lado e estimulava a impaciência dos militares com a democracia.
Queria derrubar o governo.
Na nova ordem, a política permaneceu, mas foi “disciplinada”. Os golpistas achavam que precisavam “saneá-la”.
Todo ditador acredita que a democracia é corruptível, que a política é “suja” e que os políticos são inconfiáveis. Que existe uma política “certa” e uma “errada”.
Nisso, podem ser parecidos com as pessoas normais, que costumam preferir um partido e achar que é o correto.
Mas há uma imensa diferença. Os ditadores - e os autoritários, em geral -, impõem sua visão. Decretam o que é certo ou errado, decidem o que é “limpo” e o que é “sujo”.
Não reconhecem o valor do processo eleitoral e acham que o povo é tolo e conduzido por demagogos. Que o cidadão precisa deles para protegê-lo, no fundo, de si mesmo.
Como várias coisas na vida, que só existem na inteireza, não há democracia “pela metade”. Quem acha que vai consertá-la, do alto de sua fantasia de onipotência e superioridade, a inviabiliza.
A democracia orientada por uma falsa elite de “homens de bem” - fardados ou vestidos com qualquer roupagem - não é de verdade. Mesmo quando seus pretensos benfeitores se imaginam sábios e se creem imbuídos das melhores intenções.
Hoje, quando formos à urnas nas cidades com segundo turno, é bom meditar a respeito de nosso passado.
Viva a política! Vivam os políticos, que se expõem ao voto e conquistam o direito de representar as pessoas! Que só falam em nome dos outros depois de receber um mandato!
Vivam os partidos autênticos, que juntam opiniões e visões de mundo! Que transformam convicções individuais em projetos coletivos!
Com seus acertos e erros, viva o processo eleitoral livre, sem interferência! Só assim expressa a vontade do cidadão, que ninguém tem o direito de confiscar!

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
(artigo obtido a partir do Blog do Noblat!!!)

sábado, 6 de outubro de 2012

TATUS, CHAFARIZES E GALINHAS


     Impressiona a ganância com que os interesses privados assaltam a coisa pública. E as consequências que isto pode trazer para quem tenta se opor a este intento.
    Na última quinta-feira um protesto, que se iniciou pacífico contra a instalação, pela Coca-Cola, a partir de autorização do governo Fortunati, de um boneco do mascote da copa no Largo Glênio Peres, que fica ao lado da Prefeitura, acabou em pancadaria, com diversos jovens feridos pela selvageria com que a Brigada Militar rechaçou o protesto, sob a alegação de que os manifestantes, que começaram dançando e cantando em volta do boneco, partiram para a depredação do mesmo. Na confusão, as cordas que seguravam o boneco, que era inflável, se desprenderam e ele caiu. Não se desconhece que manifestações públicas podem dar azo a confusões, com responsabilidades de parte a parte, mas causa espécie a afirmativa dos responsáveis pelo comando da operação policial de que a Brigada "reagiu às provocações". Provocações? Mas desde quando estudantes e professores desarmados oferecem perigo a policiais carregados de equipamentos de repressão? Parece até as justificativas que a ditadura dava quando torturava e matava militantes de esquerda. A bem dizer, a cultura permanece a mesma. Ainda deve ser registrado que a Guarda Municipal também participou de atos de repressão ao protesto, sob a alegação de que os manifestantes queriam "invadir a Prefeitura".


                                                                                                                             foto de Ramiro Furquim/Sul 21
A polícia de Tarso e a Guarda de Fortunati deram uma mãozinha para a Coca-Cola


                                                                 foto de Ramiro Furquim/Sul 21
O resultado foi este

     A mesma Coca-Cola esteve, dias antes, envolvida em outra confusão, desta vez por conta de uns chafarizes estrambóticos que foram instalados no mesmo Largo Glênio Peres, localizado ao lado do Mercado Público. Tais chafarizes, instalados rentes ao piso da praça, sem qualquer demarcação que alerte os passantes de que, a qualquer momento, surgirão do chão jatos d’água, tem causado transtornos à população, encharcando os desavisados que passam pelo local. Sem falar no seu uso criminoso para atrapalhar o comício de encerramento de campanha da  candidatura de Adão Villaverde, do PT, realizado no mesmo local, tradicional espaço de manifestação política da Capital Gaúcha. De repente, durante o comício, os chafarizes começaram a funcionar, molhando dezenas de participantes do evento.
     Aliás, a iniciativa da instalação dos chafarizes malucos faz parta da “revitalização do Largo Glênio Peres”, empreendida pelo governo Fortunati e pela Coca-Cola.

                                                                                                                                           foto Luis Eduardo Achutti
Aqui, a água brota do chão. Diretamente para cima das pessoas

     A partir do governo Fogaça-Fortunati, avançou o processo de apropriação dos espaços públicos pelos interesses privados. Prova disso são as privatizações do Cais do Porto e do histórico auditório Araújo Vianna, a escassa exigência de contrapartidas para grandes empreendimentos (como no gritante caso de um estádio de futebol que está sendo construído – e não é para a Copa), a distribuição de alvarás para atividades econômicas sem critérios (“Alvará na Hora” – dado precariamente e depois ninguém consegue regularizar a atividade), dentre outras iniciativas análogas.
       No governo de Fogaça (PMDB), que renunciou ao cargo para concorrer ao governo do Estado, a Administração Pública municipal transformou-se num arquipélago de pequenas (algumas nem tanto) ilhas de interesses partidários e pessoais. Secretários e seus grupos passaram a fazer o que quisessem dentro das secretarias, sem que ninguém lhes importunasse. Fortunati, vice de Fogaça, quando assumiu, não fez nada para mudar o cenário. Tal é que, há poucos dias da eleição, estoura um escândalo na Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), quando assessores comunitários da pasta (todos CCs) foram gravados trocando asfalto e salsichões assados por votos para o ex-secretário e candidato a vereador, Cássio Trogildo (PTB) e para Fortunati.
     Aliás, o candidato a vice de Fortunati, Sebastião Melo (PMDB), disse, quando Fogaça renunciou e o primeiro assumiu a Prefeitura, que não estava se instalando um novo governo, mas sim a continuidade do governo do PMDB. Tratava-se, segundo Melo, de um “condomínio”, do qual Fortunati era o (e tão-somente) o síndico.
     Assim, o sistema feudal, ao que indicam as pesquisas, continuará na Prefeitura de Porto Alegre, para cuja continuidade também, e grandemente, contribuiu a incompetência da oposição, mas disto falaremos proximamente.
               Enquanto isso Fortunati, blindado pelo PIGuasga, segue em céu de brigadeiro. Poderá continuar a se dar o luxo de continuar a caçar galinhas no meio da rua.

                                                                              foto de Adriana Franciosi/Agência RBS

sexta-feira, 22 de junho de 2012

RAUL PONT: COLIGAÇÕES SEM COERÊNCIA IDEOLÓGICA SÃO RESULTADO DO FALIDO SISTEMA ELEITORAL




   O deputado Raul Pont ocupou a tribuna nesta quarta-feira (20/6) para questionar o atual sistema eleitoral brasileiro, que aceita que coligações sejam apenas pragmáticas. O deputado propôs esta reflexão para comentar a repercussão sobre a possibilidade de coligação no município de São Paulo entre o Partidos dos Trabalhadores (PT) e o Progressista (PP) e da foto do pré-candidato petista, Fernando Haddad, o ex-presidente Lula e o deputado federal Paulo Maluf. “Este fato suscitou um debate que é legítimo. É importante entender porque isto ocorre. Hoje a maioria das coligações são marcadas pelo pragmatismo, como se o processo eleitoral fosse apenas uma soma de votos. Quando se chega a este ponto o problema não é uma pessoa, mas todo o falido sistema eleitoral”, destacou.
   Pont disse ainda que não há dúvida de que Maluf é uma figura emblemática, “quase sinônimo de corrupção na administração pública”, mas que o PP não é composto apenas por ele. “O PP está conosco no governo Dilma, possui ministérios, apoia nosso projeto em nível federal. O partido não é apenas o Maluf, certamente há pessoas honradas”, disse. O problema, continuou o deputado, é um sistema partidário e eleitoral baseado em voto nominal e financiamento privado ilimitado que distorce o processo eleitoral e não garante governabilidade. “Para governar, para ter maioria parlamentar necessita-se de alianças e acordos cada vez mais contraditórios e isso acaba com a própria democracia. O descrédito é crescente e fatos como esse, entre Lula e Maluf, tem uma simbologia negativa para o eleitor e para a cidadania imensurável. Os prejuízos para o pré-candidato Haddad já se manifestaram”, conclui Pont.
(matéria publicada no site do Dep. Raul Pont)

sábado, 2 de junho de 2012

FORTUNATI QUER PRIVATIZAR UM... VIADUTO!


     Só faltam as cancelas nas escadarias para o pagamento de pedágio...

Os efeitos da onda neoliberal que varreu o Brasil na década de 90 são por demais conhecidos: leilões e licitações arranjados, patrimônio público vendido a preço de banana, concessão de serviços públicos sem critérios, regulação cartorial a serviço dos interesses privados, péssima qualidade dos serviços e tarifas caríssimas. 
   Agora mesmo, graças ao receituário econômico dos pajés do mercado, a Europa está de joelhos.
   Mas entre nós, apesar de termos por exorcizado há muito o  fantasma do privatismo, uma pérola emerge do oceano da estupidez: O prefeito José Fortunati (PDT) quer, nada mais, nada menos, do que privatizar o Viaduto Otávio Rocha!!!
   Um dos mais fortes símbolos de Porto Alegre o viaduto, construído no início do século passado, é uma imponente estrutura com três vãos. No centro, existem dois pórticos com dois grandes nichos, com esculturas criadas por Alfred Adloff. Em ambos os lados da Avenida Borges de Medeiros foram levantadas amplas escadarias de acesso até o nível do viaduto, sustentadas por grandes arcadas, sob as quais existe uma série de pequenos estabelecimentos comerciais. Os parapeitos das rampas do viaduto são decorados com uma bela balaustrada. Está tombado pelo patrimônio cultural e é obra ímpar na América do Sul.
    Agora, necessitando o viaduto de reparos, Ana Pellini*, Coordenadora do "Gabinete de Articulação Institucional"(que nome!) da Prefeitura e importada diretamente do estupendo governo Yeda Crusius, teve a "jenial" idéia de conceder a exploração do viaduto à iniciativa privada.
   E, como óbvio, o processo começa com a contratação, por módicos  R$ 398.000,00 de uma consultoria, para elaborar o "projeto de restauração e recuperação estrutural do viaduto". Nada a estranhar, pois como sabido, toda a privatização começa com uma gorda contratação de consultorias. Como se  Prefeitura não dispusesse, em seus quadros, profissionais altamente qualificados para elaborar o projeto de restauração, aliás, como já foi feito em outras ocasiões, pois o viaduto Otávio Rocha não foi construído ontem.
   Mas, e o resultado? O viaduto vai ser restaurado, placas enormes de propaganda da empresa "benfeitora" certamente serão pregados por todos os lados do mesmo, arrasando a sua estética. E as lojinhas? Bem, estas indiscutivelmente terão seus aluguéis "reajustados de acordo com o mercado", expulsando os pequenos comerciantes dali.
   A Câmara de Vereadores, preocupada com a situação aprovou, no início de abril deste ano, um projeto criando o "Fundo de Apoio ao Viaduto Otávio Rocha", destinado à obtenção de recursos para a manutenção do equipamento. O que vez Fortunati? VETOU o projeto, pois certamente o mesmo iria contribuir para melar a privatização.
   Fica apenas uma pergunta: quando serão instaladas as cancelas para o pagamento de pedágio nas escadarias do viaduto, envergonhando a memória cultural da cidade?
   Para não pensarem que se trata de delírio, leiam a matéria publicada em maio no Jornal Metro POA:



*Ana Pellini foi uma espécie de sargenta da privatização como chefe da Secretaria-Geral do governo incompetente-escandaloso de Yeda Crusius. No mesmo governo, presidiu a Fundação Estadual de Proteção Ambiental, horrorizando as entidades ambientalistas. Agora, dá uma "modernizada" no governo mancheteiro de José Fortunati. Precisa dizer mais?





domingo, 13 de maio de 2012

TV RECORD ENFIA A FACA NA BARRIGA DA VEJA


Os mosqueteiros da ética da Veja: olhem só quem era o maior deles!


O vídeo abaixo, exibido pela TV Record, e obtido a partir do Blog do Miro, resume o fim-da-várzea da hipocrisia da Veja e seus cúmplices na missão de enganar o povo brasileiro em favor dos seus interesses escusos.

Altamiro Borges: TV Record detona a revista Veja