quarta-feira, 20 de outubro de 2010

UMA RESPOSTA DIDÁTICA PARA A QUESTÃO DO ABORTO (SUGESTÃO À DILMA)

Constata-se que, durante os debates e entrevistas, embora Dilma esclareça as duas dimensões da sua compreensão para a questão do aborto - sua posição pessoal contrária e a responsabilidade do governante diante da quarta maior causa de morte de mulheres jovens no Brasil -, a mídia e o candidato da TFP, distorcendo as posições da nossa candidata, lançam uma certa dúvida se, afinal, estas posições não seriam contraditórias.

Creio que uma solução didática seria fazer uma comparação simétrica (obviamente respeitada a diferença dos planos em que o assunto é tratado), com a forma como os cristãos tratam da questão. Explica-se.

As igrejas cristãs têm posição contrária ao aborto. Mas como elas tratam que o praticou? Segregam as pessoas, consideram-nas malditas? Não. Embora a posição frontalmente contrária, os credos cristãos recebem estas pessoas e as acolhe sob o fundamento de que todos são filhos de Deus e, como seres humanos, erram, mas o Senhor sempre oferece a possibilidade da redenção dos pecados, confortando assim as pessoas.

Ora, traduzida esta posição para o plano secular - no sentido que Dilma dá à questão - pode-se estabelecer uma simetria ente a postura cristã as  posições da candidata sobre o aborto e a forma de tratamento que o Estado deve dar a quem o pratica: em primeiro lugar, contrária à prática, mas enquanto governante, acolhendo as pessoas que chegam ao extremo de praticar o aborto (não pensem que esta decisão é tranqüila para a mulher) e oferecendo-lhes, através do sistema público de saúde o tratamento médico adequado, de forma a evitar a perda de vidas.

Estabelecendo-se esta simetria, penso que questão ficará mais compreensível  à população em geral e imune à manipulação.

Um comentário:

Zeza disse...

Caro Zé do Armarinho,

Sua colocação é extremamente correta do ponto de vista de que ao estado cabe atender essas mulheres naquilo que necessitam, seja apoio médico e psicológico ou apoio às famílias.

Tomo como exemplo os usuários do crack: são pessoas que ao usar a maldita droga estão, em primeiro lugar, cometendo um ato ilegal. Mas quem, em sã consciência, iria dizer que estes pobres coitados, dependentes químicos, deveriam ir direto em cana? Todos querem que estas pessoas recebam apoio, atendimento de saúde, psicológico, psiquiátrico, enfim, tudo que for possível de se oferecer para que consigam sair desse inferno que é o vício.

São delitos cometidos no desespero, o aborto e a drogadição. Cabe ao estado apoiar e salvar a vida dessas pessoas, evitar que morram sem socorro algum.