Só faltam as cancelas nas escadarias para o pagamento de pedágio...
Os efeitos da onda
neoliberal que varreu o Brasil na década de 90 são por demais conhecidos:
leilões e licitações arranjados, patrimônio público vendido a preço de banana,
concessão de serviços públicos sem critérios, regulação cartorial a serviço dos
interesses privados, péssima qualidade dos serviços e tarifas caríssimas.
Agora mesmo,
graças ao receituário econômico dos pajés do mercado, a Europa está de joelhos.
Mas entre
nós, apesar de termos por exorcizado há muito o fantasma do privatismo, uma
pérola emerge do oceano da estupidez: O prefeito José Fortunati (PDT)
quer, nada mais, nada menos, do que privatizar o Viaduto Otávio Rocha!!!
Um dos mais
fortes símbolos de Porto Alegre o viaduto, construído no
início do século passado, é uma imponente estrutura com três vãos. No centro, existem dois pórticos com dois grandes nichos, com esculturas
criadas por Alfred Adloff. Em ambos os lados da Avenida Borges de Medeiros
foram levantadas amplas escadarias de acesso até o nível do viaduto,
sustentadas por grandes arcadas, sob as quais existe uma série de pequenos
estabelecimentos comerciais. Os parapeitos das rampas do viaduto são decorados
com uma bela balaustrada. Está tombado pelo patrimônio cultural e é obra
ímpar na América do Sul.
Agora, necessitando o viaduto de reparos, Ana Pellini*, Coordenadora do "Gabinete de Articulação
Institucional"(que nome!) da Prefeitura e importada diretamente
do estupendo governo Yeda Crusius, teve a "jenial" idéia de conceder a
exploração do viaduto à iniciativa privada.
E, como óbvio,
o processo começa com a contratação, por módicos R$ 398.000,00 de
uma consultoria, para elaborar o "projeto de restauração e
recuperação estrutural do viaduto". Nada a estranhar, pois como sabido, toda a
privatização começa com uma gorda contratação de consultorias. Como se
Prefeitura não dispusesse, em seus quadros, profissionais altamente
qualificados para elaborar o projeto de restauração, aliás, como já foi feito
em outras ocasiões, pois o viaduto Otávio Rocha não foi construído ontem.
Mas, e o
resultado? O viaduto vai ser restaurado, placas enormes de propaganda da
empresa "benfeitora" certamente serão pregados por todos os lados do
mesmo, arrasando a sua estética. E as lojinhas? Bem, estas indiscutivelmente
terão seus aluguéis "reajustados de acordo com o mercado", expulsando
os pequenos comerciantes dali.
A Câmara de Vereadores, preocupada com a situação aprovou, no início de abril deste ano, um projeto criando o "Fundo de Apoio ao Viaduto Otávio Rocha", destinado à obtenção de recursos para a manutenção do equipamento. O que vez Fortunati? VETOU o projeto, pois certamente o mesmo iria contribuir para melar a privatização.
A Câmara de Vereadores, preocupada com a situação aprovou, no início de abril deste ano, um projeto criando o "Fundo de Apoio ao Viaduto Otávio Rocha", destinado à obtenção de recursos para a manutenção do equipamento. O que vez Fortunati? VETOU o projeto, pois certamente o mesmo iria contribuir para melar a privatização.
Fica apenas
uma pergunta: quando serão instaladas as cancelas para o pagamento de pedágio
nas escadarias do viaduto, envergonhando a memória cultural da cidade?
Para não
pensarem que se trata de delírio, leiam a matéria publicada em maio no Jornal
Metro POA:
*Ana Pellini foi uma espécie de sargenta da privatização como chefe da Secretaria-Geral do governo incompetente-escandaloso de Yeda Crusius. No mesmo governo, presidiu a Fundação Estadual de Proteção Ambiental, horrorizando as entidades ambientalistas. Agora, dá uma "modernizada" no governo mancheteiro de José Fortunati. Precisa dizer mais?
Um comentário:
Olha, não estava sabendo disso mas, pelo que entendi, a ideia seria uma PPP (parceria público privada) e não a privatização do espaço, não?
Um abraço!
Aline
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