sábado, 28 de agosto de 2010

Fogaça, um muro que cai

Muros, de vez em quando, caem. Para um lado ou para o outro. Não foi, no entanto, o que aconteceu aqui, no RS, quando houve a inusitada queda de um muro exatamente sobre quem estava... EM CIMA DELE! Mas – calma – não procurem a explicação para o estupendo fato nas ciências exatas, mas sim na política, ramo no qual o impossível pode, sim, acontecer.

A vítima, José Fogaça, conhecido por ser um verdadeiro radical da cautela criou, com o auxílio de seu mentor e também craque na arte de subir em muros, o senador Pedro Simon, a fantástica teoria da “imparcialidade ativa”, segundo a qual o PMDB gaúcho não se posicionaria no pleito federal porque seus deputados apoiam maciçamente a candidatura de Serra, ao passo que o PDT, partido do seu vice, apóia Dilma. Assim, comodamente, Fogaça fez o que mais gosta: subiu no muro, esperando descê-lo somente após a eleição, de forma a ficar bem com quem ganhasse a eleição para presidente.

Ocorre que Simon e os deputados do seu partido contaram a Fogaça uma pequena fábula: os prefeitos do PMDB estariam fechados com Serra. Além disso, o candidato atucanado estava bem à frente de Dilma no RS, fatores a aconselhar uma segura distância de qualquer definição.

Mas Fogaça não contava com dois pequenos azares na sua tranqüila vida de candidato que só entra para ganhar: os prefeitos do PMDB não estavam com Serra, e Dilma disparou nas pesquisas, projetando aquele que poderá ser o maior massacre eleitoral numa eleição brasileira. Além do mais, Fogaça igualmente desconheceu aquele que é, talvez, a mais marcante característica do povo gaúcho:  aqui ninguém gosta de homem que fica em cima do muro.

O resultado não foi outro: os prefeitos do PMDB, que não querem sobrar na barca, pensando no futuro dos seus municípios, promoveram um verdadeiro levante, encurralando Fogaça, Simon e os deputados peemedebistas que, agora, não sabem como fazer para desenrolar o imbroglio em que meteram o partido. Os reflexos já são sentidos com o contínuo crescimento de Tarso nas pesquisas, sinalizando que a eleição podem também ser decidida no RS ainda no primeiro turno.

O esmero na burrice foi tão grande que não há conserto possível para o estrago: se Fogaça, Simon e o PMDB gaúcho declararem apoio à Dilma, passarão por oportunistas, uma vez que a eleição presidencial está praticamente decidida; se declararem apoio a Serra, correrão mais rápido para a morte e, se permanecerem no muro... bem, esta hipótese não existe mais, porque graças a um terremoto chamado Dilma, o muro já caiu... sobre Fogaça.

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