sábado, 29 de janeiro de 2011

YEDA FEZ VIADUTO "SÓ PARA BAIXINHOS"

O viaduto-anão de Yeda



     O governo dela já acabou (será que chegou a começar?), mas seus espetaculares efeitos ainda perduram. Agora, a sensação é por conta de um viaduto localizado no entroncamento da Estrada do Mar, rodovia que dá acesso às praias do litoral norte gaúcho, com a Estrada do Sol, que faz a ligação com a região da serra.
     Com um custo de 3,5 milhões de reais, a preciosidade foi construída com meio metro a menos do que o recomendado para obras da espécie. É isso mesmo, o viaduto nanico da vovó Yeda foi feito com a altura 4,5m quando deveria ter 5m! Isto simplesmente significa que determinados ônibus e caminhões não poderão passar por baixo da maravilha.
     Acrescente-se que, durante o período de veraneio, quando os gaúchos acorrem em massa às praias, o entroncamento em questão concentra grande movimento de veículos. Imaginem ônibus e caminhões manobrando para contornar a obra. Ponto para a vovó!
     Para corrigir a estupidez, seria necessário gastar um milhão de reais, cerca de um terço do valor total do viaduto. E a explicação para o fato, dada por funcionários do terceiro escalão do governo yedista (o ex-secretário de Infraestrutura e Logística de Yeda, Daniel Andrade, sumiu), é de que o viaduto saiu nanico por motivos técnicos e financeiros. Perfeito! Faltou dinheiro? Corta um pedaço! Os motoristas de ônibus e caminhões que se virem! (segundo ainda um gênio do extinto governo, a solução mais barata seria rebaixar a rodovia em meio metro no entorno para “aumentar” a altura do viaduto. Esqueceu-se dos alagamentos que fatalmente ocorreriam caso a idéia de jerico fosse adotada).
     Construído ás pressas para ser inaugurado ainda no fantástico governo findo (o que não ocorreu, pois a obra esteve meses parada), o viaduto, na verdade, transformou-se num monumento ao descaso e à incompetência.
     Resta saber se alguém vai ser responsabilizado, pois a solução da trapalhada custará uma verdadeira fortuna ao erário estadual.
     E a vovó Yeda e seu secretário inepto? Certamente estão curtindo belas férias.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

YEDA TENTA INVADIR O GOVERNO TARSO

    A direita adora “denunciar” que o PT “partidariza” a máquina pública quando governa. Só não gosta de admitir quando é ela que faz (ou tenta) fazer isso.
     Pois foi exatamente o que a  ex-ex-ex-governadora Yeda Crusius buscou até agora sem sucesso: emplacar asseclas seus no governo de Tarso Genro.
     A coisa começou com a tentativa de transformar o Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) numa guilda de arrozeiros. Há pouco mais de 60 dias de deixar o governo, Yeda criou uma lei segundo a qual o presidente do órgão, uma autarquia estadual, passou a ser escolhido através de lista tríplice eleita pelo conselho do Instituto, este formado majoritariamente por plantadores de arroz! Perfeito, não? Desta forma, o governador não pode mais nomear livremente  a direção do ente público estadual, o qual passa a ser refém do próprio setor regulado pela autarquia. E nem adianta dizer que o agraciado é funcionário do órgão, pois todos sabem muito bem as camaradagens que costumam se formar nestas ocasiões.
     O PT, através do seu presidente, deputado Raul Pont, agiu prontamente, obtendo o deferimento de liminar, pelo Tribunal de Justiça do Estado, em ação direta de inconstitucionalidade, suspendendo a imoralidade. Para o desembargador Vicente Barroco de Vasconcellos, que concedeu a liminar, “a Lei retira do governador do estado a liberdade de nomeação e exoneração em relação a cargo subordinado ao Poder Executivo, a quem incumbe a direção superior da Administração Pública, em indevida intromissão na organização administrativa”. A decisão aponta ainda que, as autarquias (caso do Irga) são integrantes da administração pública indireta e têm sua gestão submissa ao chefe do poder executivo, não se podendo confundir a autonomia dos entes autárquicos com independência absoluta”.
     Mas não foi apenas esta a tentativa de Yeda de garantir compadres no governo alheio. A segunda “forcinha” foi nomear, no dia 30 de dezembro, para o cargo de conselheiro da agência de regulação do Estado (AGERGS), o ex-diretor do Departamento Autônomo de Estrada de Rodagem (DAER) do seu governo-desastre, cuja posse estava marcada para o dia 11 de janeiro, em pleno governo petista. Saliente-se que o agraciado havia deixado, no DAER, pencas de convênios assinados com municípios sem a menor cobertura orçamentária, algo em torno de 275 milhões de reais, para que Tarso se virasse quando assumisse o governo.
     Mas o governador petista foi para o enfrentamento: orientado pelo procurador do Estado Igor Koehler Moreira, anulou a nomeação do amiguinho da “tia” Yeda e mandou o “Papai Noel das estradas”, como Yeda chamava o ex-diretor do DAER (por causa da cabeleira e da barba brancas), de volta para o Polo Norte. Vendo a sua sinecura (mandato de 4 anos)  ir para as cucuias, Papai-Noel-dos-convênios-furados entrou na justiça e levou um taquaraço do presidente do Tribunal de Justiça gaúcho, desembargador Léo Lima, cujo despacho não deixou dúvidas quanto à prerrogativa do governador em cancelar a nomeação antes da posse.
     Mesmo reconhecendo que parte dos requisitos para a nomeação tivessem sido atendidos, observou o presidente do TJ que “muito embora se trate de ato legítimo e eficaz, pode a Administração, no caso o Poder Executivo, revogá-lo, por não mais lhe convir sua existência”. Afirmou, ainda, que o ato da revogação da nomeação não foi abusivo ou ilegal.Direito líquido e certo não há” [do impetrante, no caso o amiguinho da tia Yeda], disse, “até porque, considerando-se como indispensável o ato da Assembléia Legislativa, mesmo assim é meramente complementar, haja vista que não subsistiria por si só se não houver a precedente e livre indicação do nome, prerrogativa discricionária do Governador.”
     Diga-se, apenas para registro, que o presidente do TJ do RS não é, nem de longe, um homem de esquerda, pertencendo a uma tradicional família conservadora gaúcha, ligada às tradições do extinto Partido Libertador.
     Quem pensava, ingenuamente, que a “Era Yeda” havia terminado no dia 1º de janeiro, se enganou: depois da baixaria de proibir, no dia da posse de Tarso, que o cabo-corneteiro da Brigada Militar tocasse a saudação ao governador empossado, o que mais poderia se esperar daquela que vai ficar na história do Rio Grande como a chefe do governo com mais denúncias de corrupção da história gaúcha? (Alguém tem que avisar tia Yeda que ela já era!)

sábado, 8 de janeiro de 2011

MARIA DO ROSÁRIO ENCARA OS GORILAS NO PRIMEIRO DIA

     No primeiro dia como Ministra dos Direitos Humanos,  a Deputada Maria do Rosário já disse a que veio: dentre outras prioridades prometeu, em seu discurso de posse, que vai cumprir o Plano Nacional de Direitos Humanos, pedindo ainda ao Congresso que aprove a criação da Comissão da Verdade, que tem a atribuição buscar o esclarecimento de casos de tortura, morte e ocultação de cadáveres ocorridos durante a ditadura militar de 64. Segundo a Ministra, “o Estado brasileiro tem de resgatar sua dignidade em relação aos mortos e desaparecidos na ditadura. Como disse a Presidente Dilma, não se trata de revanchismo.”
     Mas, como era de se esperar, a firme disposição de Rosário em enfrentar esta questão, cujo encaminhamento vem se postergando devido a pressões dos militares, apoiados dissimuladamente pelo Ministro da Defesa, o general-de-opereta Nelson Jobim (em que lugar melhor poderia estar um sujeito que acrescenta secretamente na Constituição dispositivos que não foram votados?), causou frisson na caserna.
     Apresentando-se como porta-voz da gorilada saudosa da ditadura, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general José Elito Siqueira, manifestou-se contra o projeto, afirmando que a existência de desaparecidos no regime militar não deve ser motivo de vergonha, mas sim considerado como fato histórico. Pela fala, conclui-se que o general considera normal o desaparecimento de pessoas por motivos políticos durante a ditadura militar, o qual ele chama, eufemisticamente de “Movimento de 31 de março de 1964”.
     O militar, imediatamente chamado pela presidente Dilma a se explicar,  pois a criação da Comissão da Verdade é projeto do seu governo e do governo Lula, jogou a culpa nos jornalistas, dizendo que “foi mal compreendido” pela imprensa.
     Ocorre que, sabidamente, os militares são contra a criação de um órgão destinado a dar a versão oficial do Estado brasileiro sobre as torturas e as mortes patrocinadas por órgãos de repressão política durante a ditadura de 64, fato explicado não apenas pelo espírito corporativo fortemente arraigado na caserna mas, especialmente, porque quase todos os militares que atualmente ostentam altos postos da hierarquia militar fizeram suas carreiras e cresceram profissionalmente durante a ditadura. E, como se consegue isto? Servindo-a exemplarmente. Daí a resistência ao desvelamento das atrocidades cometidas por órgãos de Estado durante o regime militar.
     E não é somente agora que a contrariedade dos militares se manifesta publicamente: em fevereiro de 2010, o general Maynard Marques de Santa Rosa foi exonerado do cargo de chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército (embora com quatro estrelas no ombro, era apenas comandante de escrivaninha) porque em carta endereçada a um amigo da reserva, mas amplamente divulgada na internet, afirmara que a Comissão da Verdade seria formada por “fanáticos” e que seria a “comissão da calúnia.”
     Como se vê, não será nada fácil a empreitada da ministra, especialmente se considerado que o seu colega de ministério, o general-da-banda Nelson Jobim, faz um jogo pendular, ora atacando iniciativas destinadas à defesa de direitos humanos, ora dizendo apoiá-las.
     Ontem à noite, ao pesquisar documentos, caiu às mãos deste armarinheiro o discurso pronunciado pelo falecido poeta, jornalista, vereador e vice-prefeito de porto Alegre, Glênio Peres, na posse da Câmara Municipal da capital gaúcha ocorrida em janeiro de 1977, em plena ditadura. Perante uma plateia repleta, na qual se encontravam, dentre outros, o prefeito nomeado de Porto Alegre e diversas  autoridades militares, Glênio, corajosamente, como era da sua natureza, afirmou que “A Câmara Municipal de Porto Alegre é para proclamar também o grande buraco aberto nos direitos humanos, nos direitos do cidadão brasileiro. Esta tribuna é para dizer que há um buraco numa rua do Sarandi [bairro de Porto Alegre] e que há uma imensa prisão que hoje impede a manifestação de pensamento em prol da liberdade de todos os brasileiros. Esta tribuna, senhor presidente, senhor prefeito, serve para dizer que não há asfalto em determinadas vielas da comunidade, mas tem que servir para dizer que há escolas chamadas de anti-terrorismo, especialistas em retirar as unhas das pessoas, fazer doer a integridade física das pessoas, em fazer com que cada um diga o que não quer e, principalmente, fazer com que pague com seu sangue, e sua vida, o preço do seu pensamento e o exercício da sua liberdade.”
     Este discurso custou os mandatos de Glênio Peres e de outro corajoso lutador pelos direitos humanos da capital gaúcha, o também já falecido ex-vereador Marcos Klassmann, que reproduziu o discurso dias depois, cassados pelo general da vez com base no AI-5.
     Maria do Rosário, que também foi vereadora em Porto Alegre, é herdeira desta tradição de lutadores gaúchos em prol da liberdade e dos direitos humanos. E quem pensa que o seu jeito delicado a torna passível de pressões e constrangimentos, se engana: coragem e determinação, ela tem de sobra.